terça-feira, 4 de março de 2008

Alborghetti, o rádio de Pasolini

Pra começo de conversa: não gosto de Luiz Carlos Alborghetti. Nem um pouco. Mas seria uma estupidez ignorar aqui o retorno do velho Cadeia, que tem novamente o desafio de transferir para o rádio de Curitiba um inegável sucesso televisivo de quase duas décadas.

Depois de uma curta estada na apagada Colombo, o ex-deputado ganha o microfone da Rádio Mais com ares de estrela da companhia. A emissora estreou domingo (Alborghetti, ontem), prometendo bagunçar o coreto das AMs com Ricardo Chab (o dono da emissora), Luís Ernesto, Roberto Hinça e Júlio Carlos. Não vai passar em branco.

Alborghetti passou cinco anos longe de uma mídia forte, mas sobreviveu ao ostracismo através de mecanismos da internet, como o Orkut e o YouTube, que eternizou o gesticular excessivo, o suor e a toalha pendurada nas costas e a vontade nenhuma de sentar “na mesa das bacanas”. Na comunicação eletrônica-popular paranaense, ninguém chegou a tanto estando (quase) fora do ar.

É ingênuo crer, entretanto, que esta louvação deva-se apenas aos clamores do radialista pela pena de morte ou pela celebração de falecimento de criminosos: “Morreu no colo do capeta!”. Fosse assim qualquer um seria astro do teatro radiofônico-jornalístico-policial.

Além do ouvinte humilde, Alborghetti atrai uma fatia bem informada, universitária, que o abraça quando pretende vomitar nas cerimônias de bom gosto. Para esta trupe, o ex-deputado é parente dos filmes trash. O polêmico cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, cujo lazer era tentar chocar a “moral burguesa”, o adoraria. Enfim, o cara virou (ô expressão lazarenta...) cult. E sem fazer tipo.

Claro que este culto não veio de graça. Afinal, Alborghetti chutou o enquadramento na televisão paranaense, saindo do foco, quebrando a notícia em fatias para gritar com o câmera, com o guri do cabo, com assessores. Fez da falta de recursos um ganho. “Ô, produção! Tá faltando caneta. Manda comprar caneta amanhã, tá?”, berrou em sua tarde de estréia na AM 1120.

Pai televisivo de Ratinho, que foi seu repórter na Rede OM/CNT, Alborghetti é o trunfo de Chab, que espertamente o colocou como alternativa de fim da tarde, horário em que a concorrência na AM (leia-se Banda B, Difusora 590 e Globo) serve futebol. Se você tiver coragem...

“Se você tem coragem de ouvir este programa, eu tenho coragem de chutar o balde, sem medo de Roberta, de Luiz Inácio e de quem quer que seja porque não devo a vagabundo nenhum”.

(Luiz Carlos Alborghetti, saudando os ouvintes da Rádio Mais).

Programa: Luiz Carlos Alborghetti.
Rádio: Mais AM (1120khz).
Horário: segunda à sexta, 17h às 19h.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

“Daí, a Elis...”

Uma das tantas coisas boas da Lúmen FM é o Vozes do Brasil, um programete no qual Patricia Palumbo apresenta curiosidades da música popular com um jeitão descontraído: “Então, o Paulinho da Viola disse para o Monarco que...”; “Faltava só uma música para fechar o disco. Daí, a Elis ligou correndo para o Chico, nervosa, desesperada...”. Como se estivesse entre amigos numa mesa do Café Mafalda.

Rádio: Lúmen FM (99,5mhz).
Programa: Vozes do Brasil.
Horário: diariamente, 10h30, 15h30 e 20h30.

O rock da Metrô

Desativada em 1995, a Estação Primeira é eterna na braceleira dos roqueiros. Antes dela, o gênero teve poucos programas específicos no FM curitibano. O mais cultuado foi o Noites de Rock, às quintas-feira, na Metropolitana. Um banquete para os metaleiros: Judas Priest, Iron Maiden, Quiet Riot, Accept.

A Metrô, como era chamada, pertencia ao ex-deputado Erwin Bonkoski. Sua sede era no edifício Cláudia, uma galeria da praça Generoso Marques. Até hoje a placa da 98,9 está lá, fazendo companhia à Rádio Colombo AM.

ONTEM E HOJE
FM 90,1mhz: Estação Primeira (1986-1995) e CBN.
FM 98,9mhz: Metropolitana (até 1985), Intercontinental 99 (de 85 a 88) e 98.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Mais futebol no rádio

Desde 2001, quando a Transamérica FM adicionou humor, riffs de guitarra e sonoplastia de desenho animado ao futebol, o rádio esportivo de Curitiba não conhece uma nova linguagem. Por isso, estou na (boa) expectativa pela jovem equipe de Napoleão de Almeida, que dará seu pontapé inicial pela Mais AM no próximo domingo, de olho em Atlético e Toledo, na Arena da Baixada.

Napoleão não é o Rinus Michell, técnico da mágica Holanda de 74, mas parece ser adepto do carrossel. À exceção do chefe e de Marcelo Júnior, ninguém tem posição fixa no time: o repórter de domingo será a voz do plantão na quarta-feira e analista do jogo de sábado. Além da dupla de narradores, outro destaque é Rubens Pozzi, da ESPN Brasil.

A rádio de Ricardo Chab desenha um perfil popular, mas pretende atrair os ouvintes das FMs jornalísticas, com matérias especiais de futebol, não se limitando ao rame-rame diário. Que o plano do Napoleão, que não é louco, dê certo!

Programa: Mais Futebol e Mais Esporte.
Rádio: Mais AM (1120 khz).
Horário fixo: segunda à sexta, das 18h às 19h e das 20h às 22h.
Horários a definir: dias de jogos de Atlético, Coritiba e Paraná.

Equipe: Napoleão de Almeida (BandNews FM; ex-Globo AM), Marcelo Júnior (Clube AM; ex-Transamérica FM), Rubens Pozzi (ESPN Brasil), Adriane Lazaroto, Chrystian Grassi, Marco Rafael Pires, Monique Villela e Rafael Sibilla.

Programa de auditório sem auditório

Um burocrático programa de auditório. Esta é a armadilha preparada num enorme teatro, o Canal da Música, e servida aos espectadores dominicais da TV Paraná Educativa pela dupla William e Renan.

Para disfarçar o desânimo da platéia (ou a falta dela), a câmera evita o plano geral, focalizando apenas algumas fileiras. O ideal seria que um estúdio menor, o que contribuiria para um clima de canja de viola, de confraria sertaneja, inexistente até aqui. Por que não em parques e feiras, mais próximo de um público caloroso?

William e Renan podem argumentar que são cantores e não animadores de festa. Mas já que o governo os premiou com esta mídia, que se espelhem no melhor condutor musical da televisão paranaense: Ivan Taborda, do Alô Tchê, dos causos e das coisas gauchescas. É no mesmo canal.

Programa: William e Renan — Prosa e Viola.
Emissora: TV Paraná Educativa (canal 9).
Horário: domingo, 13h20 às 14h30.

Programa: Alô, Chê.
Emissora: TV Paraná Educativa (canal 9).
Horário: domingo, das 10h30 às 11h20.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

O sonoplasta petista

Naquela noite, devido ao horário político, o início da transmissão de futebol atrasaria 20 minutos. A CBN respeitava a norma, mas a concorrente Clube parecia distraída.
Atento, o operador de som Sérgio Zanoni encontrou um jeito de colocar a rival na linha. Pegou o telefone, engrossou a voz e deu o aviso:
“É da Rádio Clube Paranaense? Aqui é do Partido dos Trabalhadores. O que vocês acham de colocar o horário gratuito no ar?”.
Um minuto depois, a Clube cumpria a ordem de Zanoni.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Na Caiobá, o Pânico Cover

A Caiobá FM também tem um Pânico. É A Hora do Rango, conduzido por Amauri Santos. Quem telefona para a emissora sabe que pode ser avacalhado pelo locutor, cutuca o amigo “furão”, conta vantagens, etc. Como no original e criativo programa da Jovem Pan.

Na falta das gostosas da Sexy ou de outras celebridades, a intimidade parte dos ouvintes. No almoço de hoje, temperado com molho de Márcia Goldschmidt, Amauri escutou o casal Juliana e Arnaldo.
Juliana: “Meu marido fez uma aposta com um amigo. Quem perdesse, daria o...”.
Arnaldo: “Ela sabe que, mesmo bêbado, eu não nego fogo. Não dei não”.
Até aí, tranqüilo. Nada que a Márcia não tenha exibido na televisão.

O que me deixa em pânico é a “originalidade” na escolha do fundo musical: Teach Me Tiger (com April Stevens), Je T’Aime Mon Non Plus (o sussurrante dueto de Jane Birkin e Serge Gainsbourg) e Mahna Mahna (criada para o Muppet Show, da tevê americana dos anos 70). Um cardápio igual ao do concorrente e utilizado da mesma forma, no início dos blocos ou nas passagens entre ouvintes.

Estava esquecendo... com sabor local, A Hora do Rango supera o Pânico na audiência.

Programa: A Hora do Rango.
Rádio: Caiobá FM (102,3mhz).
Horário: segunda à sexta, 12h às 14h.

Rádio Clube de onde?

A Rádio Clube deixou de ser Paranaense. Filiada à Eldorado de São Paulo desde novembro, a pioneira mantém poucos horários locais. Uma das exceções é a Revista Matinal, com Marcelo Júnior.

Hoje, a emissora se apresenta como “Rádio Clube, Rede Eldorado”. Não cita “Paranaense” e tampouco sua expressão tradicional: o “B-2”.

O site, como podem ver aqui, é coerente com a nova proposta: não faz qualquer menção ao Paraná.

Rádio: Clube Paranaense AM (1430khz).

O Universo de Datena em Curitiba

A rua Senador Alencar Guimarães, próxima à praça Osório, era o bate-ponto de José Luiz Datena entre os anos 70 e 80. Ali, funcionavam os estúdios da Rádio Universo, onde este paulista de Ribeirão Preto atuava como segundo narrador da equipe esportiva chefiada por Carneiro Neto.

Datena retornou à cidade-natal em 1981, pouco antes da Universo largar o futebol e adotar o econômico Sucesso Colorido, um pacote de locução musical gravado (fornecido pela Rádio América de São Paulo), que abastecia manhãs e tardes da programação.

Aos 24 anos, ele ainda não era um campeão de popularidade quando atravessou a Senador Alencar Guimarães pela última vez. Mas foi ao sair de Curitiba que o hoje barulhento apresentador teve seus primeiros instantes no vídeo, como convidado do Viva o Futebol, de Dirceu Graeser, na TV Iguaçu.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

93,9 sem Doril

Freqüência: FM 93,9mhz.
Primeira transmissão: 1979 (salvo engano meu...).
Nomes: Capital, 94, Capital Play, Globo e (atualmente) Mundo Livre.
Proprietários: Rede Capital de Comunicações (anos 70/80), Laboratórios Dorsay (anos 90) e Rede Paranaense de Comunicação (desde 2006).

Na pré-história, muita MPB e os apresentadores Cláudio Ribeiro e Josias Lacour embalaram a Capital FM, pertencente à Rede Capital, do empresário paulista Edvaldo Alves da Silva. O repertório pop das concorrentes, entretanto, estimulou a emissora do Tarumã a alterar a rota nos anos 80. A mudança revelou a primeira locutora do FM curitibano: Cibele.

Na década seguinte, caiu o nome Capital, substituído por 94FM. Saiu o Lulu Santos e entraram Chitãozinho e Xororó. Mudou a música, mas permaneceram a baixa audiência, o pouco alcance e a escassez de patrocinadores. Na tentativa de reforçar o caixa, o locutor Marcos Durães, também diretor, lia textos em que citava as possíveis vantagens de se anunciar ali: “Senhor empresário...”.
Quando Durães encerrava o apelo, entrava Regina Duarte para comentar as maravilhas de Doril. Depois, soube o motivo de tanto anúncio: o laboratório Dorsay comprara a rádio.

Nos anos 90, a Capital FM adotou um remédio milagroso também usado pela irmã Capital AM (1270khz): alugar horários para igrejas evangélicas. Entre um e outro programa, mais comercial de Doril e também de ZeroCal, o adoçante usado por José Wilker.

A nova Capital Play acolheu, em 2002, os populares Ricardo Chab e Luiz Ernesto, dobradinha de sucesso matinal na extinta Rádio Cidade AM. Eles pouco ficaram, assim como o trio Luiz Augusto Xavier, Osires Nadal e Cristian Toledo, que haviam ajudado a Transamérica FM a adaptar o futebol à linguagem pop/rock.

No final de 2006, já na mão da RPC e antenada nas Mercês, a 93,9 deu voz à Globo FM: pop e MPB com programação pensada e transmitida de um estúdio no Rio de Janeiro (de Curitiba, algumas pílulas noticiosas). Uma rádio para quem não era tão jovem quanto a Jovem Pan e nem tão adulto quanto a Ouro Verde.

Desde o dia 10 de fevereiro, esta história tem um novo capítulo: a Mundo Livre FM, que adiciona ao cardápio da Globo FM um mapa-mundi de canções dos cinco continentes. À bordo, uma locutora comum a rádios incomuns: Margot Dobignies, criada na também inventiva Estação Primeira.

E depois desta viagem, que nasceu na capital e chegou ao mundo livre, o que houve com o anúncio do Doril? Pois é... sumiu!

*****

PARADEIROS

Cibele: adoraria saber!!! Breve, uma história que envolve ela, a rádio e uma das “músicas da minha vida”. Foi uma das primeiras vozes da mítica, lendária e adorada Estação Primeira, a pioneira rádio-rock de Curitiba.
Cláudio Ribeiro: assessor do governador Roberto Requião e especialista em carnaval.
Cristian Toledo: apresentador na Rádio Transamérica FM e na TV Iguaçu e repórter nos jornais O Estado do Paraná e Tribuna do Paraná.
Josias Lacour: empresário de jogadores de futebol.
Luiz Augusto Xavier: editor de esportes d’O Estado do Paraná.
Luiz Ernesto: comunicador da Rádio Mais AM (1110khz).
Marcos Durães: não sei. Nos anos 70, comandou programa matinal na Rádio Globo de São Paulo.
Osires Nadal: advogado especializado em Justiça Desportiva.
Ricardo Chab: adquiriu recentemente a Rádio Eldorado AM (1110khz), transformando-a na Rádio Mais e apresenta o jornalístico Na Hora do Almoço da RIC TV.

Sílvio Roberto Silva de Tarso

Da série Você sabia?

O comentarista esportivo Sílvio de Tarso, da Rádio e TV Paraná Educativa, já teve outros dois nomes “artísticos”: Sílvio Roberto (até os anos 80) e Sílvio Silva (90).
Aos sábados, ele troca o futebol pela MPB e coloca no ar o Conversa Afinada.

Programa: Conversa Afinada.
Rádio: Paraná Educativa FM (97,1mhz).
Horário: sábado, 13h30 às 14h.

Órfãos tricolores

Nem o Sistema Globo/CBN, nem a Difusora acompanharam o jogo do Paraná Clube contra a Portuguesa Londrinense, domingo, em Cambé. Os capanemas se dividiram entre a Banda B e a Transamérica Light.
Já a torcida do Coritiba, que visitou o Cianorte, se esbaldou entre seis rádios (apenas três no estádio, frise-se) e a imagem da RPC.

Rádios: Banda B AM (550khz), Difusora AM (590khz), Globo AM (670khz), Iguaçu AM (830khz), CBN FM (90,1mhz) e Transamérica Light (95,1mhz).

Mundo livre e diversificado

Creio que poucos ouvintes ligam o rádio à cata de surpresas. Acredito ser um destes poucos. Por isso, caí e fiquei na Mundo Livre FM (93,9 Mhz).
À veia e à MPB (dos anos 70 aos dias de hoje) já habituais em outras paradas, a recém-nascida aplica porções sonoras de várias partes, da China à Escócia. E estas canções não se restringem a programas específicos. Descem de mansinho, sem anúncio prévio.
Em algumas horas, lembra a Lúmen (ambas têm lounge de madrugada). Em outras, Transamérica Light (anos 70 e 80) e a Globo, que a antecedeu nesta faixa.
Mas com uma formatação de módulos nada óbvia, faz lembrar mesmo a... Mundo Livre FM.

Rádio: Mundo Livre FM (93,9mhz).

Viva o Vitório em vinil

Gosto de ouvir Vitório e Marieta (interpretados por Murilo Amorim Correa e Maria Tereza), o Barnabé e outros imortais do riso no Show de Humorismo, domingo, depois do almoço. Não sabe de quem eu falo? Quem é do interior e caiu na pia de batismo há mais de 50 anos sabe...
O programa é à base de velhos discos. Tão velhos que dia atrás uma das piadas era sobre o Rivelino e o Wanderlei Cardoso.
Às vezes, a agulha engata e a rádio fica minutos fora do ar. O sonoplasta pensa que só eu escuto...
Domingo próximo, você terá a chance de ouvir o vinil do gênio Chico Anysio, que dia destes contava que o chofer do Moacyr Franco pega uma moto para chegar à porta traseira da limusine...
A apresentação é do Rosaldo Pereira, que também lê as cartas das solitárias e dos solitários que recorrem ao Em Nome do Amor, diariamente às 22h no mesmo canal.
E viva o Vitório! Viva!

Programa: Show de Humorismo.
Rádio: Colombo AM (1020khz).
Horário: domingo, 13h30 às 14h30.