terça-feira, 27 de abril de 2010

Sopros de Nova Iorque

Não conheço Nova Iorque. Mas se Nova Iorque é a dos filmes eu estou em dia com o carnê dos cosmopolitas, pois habitam em Curitiba cenas que nem Woody Allen filmou. Vai ver.. é por isto que Francis Ford Copolla andou por aqui (em 2003).

Noite destas, caminhava pela Comendador Araújo, quando fui assaltado pelo Saul do Trumpete. Não me levou dinheiro, nem documentos e eu fiquei no lucro da boa música. Saul e sua trupe disparam jazz de primeira, às sextas, na calçada do John Bull Café. Isto mesmo: na calçada! É o movimento do Jazz Sem Teto. Tem em Manhattan?

Desembarca em Nova Iorque gente de todo tipo. Mas é covardia falar da XV, onde há artistas e chatos (alguns reúnem ambas as qualidades), músicos, poetas, pintores, artesãos e cartazistas ambulantes, mendigos e locutores de reclames, de segunda à domingo sem fechar para almoço. Então, passo ao Museu Oscar Niemeyer e ao Bosque do Papa, onde fauna e flora também são variadas.

No “museu do olho”, sobram exposições que os estudantes curitibanos de 30 anos atrás só veriam se embarcassem para o Masp: Lasar Segall, Tomie Ohtake, fotografia alemã, tapeçaria belga, gravuras mexicanas. Ao redor, há piruetas de garotos que dançam movidos a funk e hip-hop (lembra do break?) e o passeio de dezenas de cachorros, e seus zelosos donos, num jardim que acolhe todas as raças.

No bosque, distante da porção turista que se entusiasma com as casas polonesas, candidatos a Raul Seixas e Renato Russo arriscam no violão e, vez por outra, os batuqueiros do Boizinho Faceiro avisam que é a hora do maracatu. O Central Park não acabou: circunspectos senhores cumprem a rotina de caminhada, avós brincam com os netos e aquela árvore sente o aroma de marijuana.

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